Bielorrússia<br>alvo do imperialismo
O imperialismo faz uso do velho expediente de instrumentalização da questão dos direitos humanos
A campanha imperialista contra a Bielorrússia intensificou-se nos últimos meses. As eleições presidenciais de 2006 na antiga república soviética são a oportunidade que dita a escalada da guerra encoberta movida pelos Estados Unidos em parceria e com o renovado apoio da União Europeia. Em Bruxelas assumem-se sem complexos, seguindo a prática de esmifrar o Direito Internacional, as múltiplas acções de ingerência e desestabilização de um Estado soberano, sobre o qual pesa o sacrilégio de não se ter ainda rendido – nem dar mostras de o tencionar fazer – ao rolo compressor da parelha NATO-UE e respectivo lastro requisitório.
Washington há muito que porfia por uma mudança de poder em Minsk. A inquietação acumula-se desde que, após a eleição de Lukachenko nas presidenciais de 1994, a Bielorrússia decidiu abandonar in extremis o «destino» que lhe fora reservado, saltando dos carris do neoliberalismo. Na generalidade dos países da região viviam-se então os anos «dourados» da rapina privatizadora por atacado e das literalmente mortíferas «terapia de choque», produzindo uma estirpe oligárquica particularmente voraz.
Convenha-se, que o corte com as receitas do FMI fez bem aos bielorussos. A antiga «oficina de montagem» da URSS, apesar de não ser um país rico em matérias-primas, foi o único no espaço pós-soviético a restabelecer o nível do PIB de 1990. Mais saliente, é que este resultado foi alcançado a remar contra a corrente, naquele que é um exemplo sem paralelo no panorama pós-soviético: travando e invertendo as privatizações em sectores chave, apostando na agricultura e aparelho produtivo nacionais, melhorando as condições sociais da população e defendendo a sua soberania e independência na arena internacional.
Depois, a Bielorrússia, está empenhada na criação de uma união de Estados de direitos iguais com a Rússia, com a qual tem um acordo de defesa colectiva. Esta perspectiva é absolutamente proibitiva para os planos de dominação dos EUA na zona – e é ferozmente combatida pela poderosa «quinta coluna» instalada na Rússia. O facto de a direcção política bielorussa, e não apenas amplos sectores da população, valorizar a época e experiência soviéticas, com tudo o que isso representa, é igualmente causador de perturbação …
Não é, assim, de estranhar, a desenfreada campanha lançada pelo grande capital contra a apelidada «última ditadura da Europa», financiando oposições, impondo sanções e esgrimindo ameaças, tornando evidente que não são preocupações «democráticas» com fenómenos autoritários que animam os seus propósitos. O imperialismo faz uso do velho expediente de instrumentalização da questão dos direitos humanos. A retórica humanitária, apoiada pelos média de serviço, reúne numa extensa cadeia mimética todo o establishment europeu, revelando também a permeabilidade de uma esquerda light «bem institucionalizada» e sonambulizada por metafísicos «valores civilizacionais europeus».
A verdade é que a retórica dos direitos humanos serve, essencialmente, a sua redução à bitola única da lógica economicista. É preciso pois separar as águas.
Nos próximos meses a campanha «transatlântica» contra a Bielorrússia seguirá em crescendo e não poderá ser subestimada. A desestabilização imperialista assentou arraiais nas vizinhas Polónia e Lituânia, convertidas em peões do imperialismo, e também na Ucrânia, onde a situação é grave mas ainda não está decidida a conforme da estratégia dos EUA.
Neste contexto, é justo e oportuno o reconhecimento da postura de dignidade assumida por Minsk, dificultando objectivamente os planos totalitários da globalização capitalista numa região que esta elegeu como estratégica, o que não pode deixar de ser levado em conta por todas as forças que lutam e resistem a esta sinistra ameaça, e ser inserido numa perspectiva do necessário reforço dos laços de solidariedade anti-imperialista entre os povos, ultrapassando dificuldades, diferenças e contradições.
Washington há muito que porfia por uma mudança de poder em Minsk. A inquietação acumula-se desde que, após a eleição de Lukachenko nas presidenciais de 1994, a Bielorrússia decidiu abandonar in extremis o «destino» que lhe fora reservado, saltando dos carris do neoliberalismo. Na generalidade dos países da região viviam-se então os anos «dourados» da rapina privatizadora por atacado e das literalmente mortíferas «terapia de choque», produzindo uma estirpe oligárquica particularmente voraz.
Convenha-se, que o corte com as receitas do FMI fez bem aos bielorussos. A antiga «oficina de montagem» da URSS, apesar de não ser um país rico em matérias-primas, foi o único no espaço pós-soviético a restabelecer o nível do PIB de 1990. Mais saliente, é que este resultado foi alcançado a remar contra a corrente, naquele que é um exemplo sem paralelo no panorama pós-soviético: travando e invertendo as privatizações em sectores chave, apostando na agricultura e aparelho produtivo nacionais, melhorando as condições sociais da população e defendendo a sua soberania e independência na arena internacional.
Depois, a Bielorrússia, está empenhada na criação de uma união de Estados de direitos iguais com a Rússia, com a qual tem um acordo de defesa colectiva. Esta perspectiva é absolutamente proibitiva para os planos de dominação dos EUA na zona – e é ferozmente combatida pela poderosa «quinta coluna» instalada na Rússia. O facto de a direcção política bielorussa, e não apenas amplos sectores da população, valorizar a época e experiência soviéticas, com tudo o que isso representa, é igualmente causador de perturbação …
Não é, assim, de estranhar, a desenfreada campanha lançada pelo grande capital contra a apelidada «última ditadura da Europa», financiando oposições, impondo sanções e esgrimindo ameaças, tornando evidente que não são preocupações «democráticas» com fenómenos autoritários que animam os seus propósitos. O imperialismo faz uso do velho expediente de instrumentalização da questão dos direitos humanos. A retórica humanitária, apoiada pelos média de serviço, reúne numa extensa cadeia mimética todo o establishment europeu, revelando também a permeabilidade de uma esquerda light «bem institucionalizada» e sonambulizada por metafísicos «valores civilizacionais europeus».
A verdade é que a retórica dos direitos humanos serve, essencialmente, a sua redução à bitola única da lógica economicista. É preciso pois separar as águas.
Nos próximos meses a campanha «transatlântica» contra a Bielorrússia seguirá em crescendo e não poderá ser subestimada. A desestabilização imperialista assentou arraiais nas vizinhas Polónia e Lituânia, convertidas em peões do imperialismo, e também na Ucrânia, onde a situação é grave mas ainda não está decidida a conforme da estratégia dos EUA.
Neste contexto, é justo e oportuno o reconhecimento da postura de dignidade assumida por Minsk, dificultando objectivamente os planos totalitários da globalização capitalista numa região que esta elegeu como estratégica, o que não pode deixar de ser levado em conta por todas as forças que lutam e resistem a esta sinistra ameaça, e ser inserido numa perspectiva do necessário reforço dos laços de solidariedade anti-imperialista entre os povos, ultrapassando dificuldades, diferenças e contradições.